Agasalhando
Leva um casaquinho
Skate não é coisa de deus não.. E nem essa tal de slackline
Deixa... Se queimar o dedo aprende
Apaga! Apaga! Apaga!!
Eu falei que ia quebrar a cara
Ahhhh nããão... Esse traste não te merece
Eu não conheço seus amigos
Os pais dos seus amigos
As casas dos seus amigos
Os amigos dos seus amigos
A árvore genealógica dos seus amigos
E quem é essa te agarrando aqui no instagram?
Ah eu adicionei o josé, a lara, o gabriel, o pedro, a giovana...
Mas só pra caso de necessidade mesmo
Ah essa cidade anda tão escura
Não vacila com o seu copo
Não quero nem saber de amigo briguento
Tá respeitando as mina, as mana, os mano, as mona?
Em você, eu confio
Vê se não faz bagunça na casa dos amigos,
Vão pensar que ninguém te ensina nada em casa
Eu que não vou buscar ninguém de madrugada
Que dia? Hoje? Não me espera fora que é perigoso
Por que você saiu antes d’eu chegar?
Toma o casaco!!
Eu não falei que ia esfriar...
Filtro dos Sonhos
Quando os sonhos passarem pelo filtro
Os punhos enfim descerrados
Derramarão litros de gratidão
E o pão de todo filho
Virá com notícia quente
E toda a gente, mãe ou não
Enfim receberá
E saberá o quanto é humano
Desejar a onipresença
Até onde o sangue pertença
E que a influência seja garantida
Para que a ida
Permita a volta,
Amém.
Nascimento
O amor não surgiu à primeira vista
O ventre nem cresceu e a vida já remexeu
Um corpo que comporta o toque de dois corações
Não é uma casa qualquer
Há de se ter uma boa batuta para harmonizar tanto batuque
Os hormônios destoando a rima
Uma felicidade felina
E uma impaciência repentina
Ninguém entende...
Mas...
O pequeno é grande
E a maior dúvida ninguém consegue responder
Por quê?? Se tem tanta mãe nesse mundo
E essa história já foi contada em verso e prosa:
O milagre da vida
Tá nascendo... Tá nascendo ...
Tá nascendo uma mãe
O fio da vida
A força fina do fio que segura as missangas
A beleza invisível do fio que liga as horas
Desde a infância até o sujeito presente
Eternamente sujeito
ao vermelho do fio que corre nas veias
ou ao tênue do fio com que tece:
a casa, abrigo do mundo
as asas, mergulho no fundo do azul
claro, escuro, infinito, sem volta
A revolta de quem voa e não encontra mais o pouso
De antes
A reviravolta de quem ousa lembrar que a existência
É um desenho que bordamos com as nossas escolhas
Mas o fio
O filho não vê de onde vem.
PARTO
Eu gritei quando pari
mas quando fiz, fiz
porque eu não nasci pra ser mãe
me tornei mulher
pra ser o que quiser
mas a dor e a delícia de brotar uma pessoa
e plantar no mundo,
eu sei.
Eu sei,
foi só um cortezinho
que abriu caminho para um mundo inteiro
aqui tem rios de leite
montanhas de celulite
e quem liga?
Se o arroto vier, tá tudo certo
a gente aproveita e dorme
ou trepa
ou toma banho e lava o cabelo
ou come
liga o som
acende um incendo
faz um café
já é ... Demorou
demorou, acordou
Vida, vida. Noves fora, zero
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo
pra mim, a coisa mais fina do mundo é “mãe é mae”
um luxo
como se mãe não tivesse que:
ganhar o pão
vender o peixe
tecer os dias
abrir as portas
iluminar as incertezas
curar dores
explicar o infinito
e seguir acreditando em quê?
Entre a vida que segue e a vida que separa:
ensinar a tarefa da escola
a interpretação da vida
a construção de um novo mundo
a proteção contra todos os mundos
e olha! No meio do caminho tinha um pai
“pai: ser ou não ser”?
Isso é que é luxo!
Vai ser coxo na vida é maldição pra pai de facebook
porque as sete faces do poema da vida chamam mãe
e os ombros que suportam o mundo são fortes
como os dela
não é missão
consagração
escravidão
é vida
vida, vida, noves fora zero
levante! E lute como mãe!
Levante! E lute com as mães!